MUSEU DO VAZIO
Grupo Antropoantro
Profa Dra Tereza Cristina Gonçalez (Tina Gonçalez)
A palavra museu de origem grega significa templo das musas, lugar onde as musas residem - as nove filhas de Zeus e de Mnemósine, a deusa grega guardiã da memória. - e, mais recentemente definido como qualquer estabelecimento permanente criado para conservar, estudar, valorizar pelos mais diversos modos, e sobretudo expor para deleite e educação do público, coleções de interesse artístico, histórico e técnico.
Os primeiros museus, no século XV e XVI, chamados de “Gabinete de Curiosidades” ou “Os Quartos das Maravilhas”, expunham seus objetos sem nenhuma ordenação e sem relação entre si. Somente no século XIX que os museus passaram a ser organizados de acordo com os seus acervos. Estas modificações continuaram acontecendo e, no mundo atual, as técnicas de exposição foram acompanhando as mudanças tecnológicas. Hoje em dia o museu nem sempre está localizado em um determinado local e seu acervo não é composto necessariamente por artefatos ou pela materialidade das obras. Este é o caso do Museu do Vazio, um museu predominantemente virtual, cujo objetivo maior é criar um espaço vivo, dinâmico, que trate sobre o vazio na arte contemporânea.
O museu foi criado a partir de uma discussão do Grupo Antropaoantro em torno da 28ª Bienal de Arte de São Paulo. As indagações e os questionamentos levaram o grupo a coletar dados, imagens e textos que refletissem sobre esta questão, além da produção de obras que foram publicadas no blog do grupo (www.antropaoantro.blogspot.com). Em processo de formação, essa “coleção” mereceu um espaço próprio dentro do próprio blog que foi denominado como Museu do Vazio.
A temática pretendida pelo museu está basicamente centrada na arte contemporânea e nos seus alicerces. As diversas questões que envolvem as definições de vazio serviram de suporte, tanto para a produção como para a reflexão de obras e artistas.
Iniciando pela questão léxica, o vazio pode ser compreendido como algo que não contém nada, ou só contém ar, algo que foi despejado, entornado, que está desocupado, despovoado, desabitado. O vazio está, nesta lógica, na obra “Ar de Paris” de Marcel Duchamp, reafirmando a definição dicionarizada que mencionamos, de vazio como o que "não contém nada ou só contém ar". Ou ainda, na obra de John Cage("4,33"), que não se trata mais de ter, um intervalo silencioso entre dois sons, mas o próprio intervalo, o próprio silêncio, ele mesmo, convertido em obra, em que o pianista fica 4 minutos e 33 segundos parado diante do piano e não toca uma única nota.
A ausência como sinônimo de “vazio”, pode também ser relacionada com a obra de Malevitch em Branco sobre Branco (1918) que trabalha com a ausência da cor e da forma. Neste sentido, o vazio pode ser observado nas obras minimalistas de Tony Smith e Richard Serra.
A presença e a não-presença na obra de Rubens Mano (série Puzzles), fotografias que registram o intervalo entre a retirada e a colocação de imagens em outdoors são significações de vazio.
Ou ainda o vazio invertido, o não-cheio, que é a imagem negativa do objeto, como as obras de Carlos Fajardo (pirâmide invertida e linha de argila) e Cecília Akemi. Há ainda a obra de revela o vazio na sua essência concreta como o cinzeiro de Lalau Mayrink e os vidrinhos de Sïlvia Matos.
Desta forma, o museu incorpora os conceitos de conservar e valorizar pelos mais diversos modos um determinado assunto ou tema que justifique o ato de preservar e colecionar alguma coisa que pretenda levar adiante para outras gerações.
O grupo Antropoantro é composto pelas artistas: Beth Schneider, Inês Fernandez, Lalau Mayrink, Olívia Niemeyer, Silvia Matos, Tina Gonçalez e Vane Barini.
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