terça-feira, 5 de maio de 2015

ANOTAÇÕES SOBRE OS PECADOS - VAIDADE


TINA GONÇALEZ

Vanitas Vanitatum et Omnia Vanitas

 2015  (vaidade)




Técnica: cinco fotografias plotadas em PVC
“Vaidade de vaidades, tudo é vaidade” (Eclesiates AT,1:2).

Visto como algo passageiro e frágil na sua condição temporal, a vaidade aponta para a ausência de sentido ou propósito na existência humana, deslocando a consciência de si mesmo para aparência e o hedonismo.

Presente nos mitos, literatura, psicologia e outros aspectos da cultura, a vaidade está presente na sociedade contemporânea como um reflexo que se firma através do olhar do outro para alcançar simultaneamente, a admiração e a inveja.

A autoimagem e o olhar formam o alicerce desse trabalho - sou aquele que se olha e ao mesmo tempo é olhado.

Como um selfie hipérbolico que se estende ao infinito, a modulação dessa autoimagem é construída como parte de um discurso metafórico que não se finda. Tal como o indivíduo que intencionalmente mascara sua personalidade não deixando que o interlocutor vislumbre seu verdadeiro eu, as imagens são construídas com um anteparo que interrompe a visão do todo, fragmentando-a em camadas circulares como pequenos lagos narcísicos.

Ampliando o sentido de autoafirmação, a vaidade é apresentada como parte de uma narrativa imagética que reafirma a importância do “eu” - ego, meī, mihi, mē, mē – frente a um mundo que acolhe e legitima o culto ao personalismo.
 
Postado por Sílvia Matos

 

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