segunda-feira, 5 de abril de 2010

ANDY WARHOL VISTO SEGUNDO RODRIGO NAVES - FENÔMENO QUASE TRÁGICO...



Li, ontem, no Estadão Online, um texto do crítico e escritor Rodrigo Naves, bastante interessante.
Em Warhol, evidência e tristeza, o crítico de arte fala da obra de Warhol em exposição na Estação Pinacoteca e parte de uma questão instigante: "O que faz das Marilyn Monroe uma das obras primas de Andy Warhol, enquanto seu John Wayne (1986) não vai além de uma ilustração num caderno escolar?"
Rodrigo Naves defende a idéia de que "considerar a pop de Warhol como um fenômeno quase trágico ajuda mais a sua compreensão do que vê-la como paródia e ironia".
Ele vê esse "trágico" nas Marilyn, mas não no Wayne. Nelas, o "estranhamento" da figura familiarizada pela midia, via interposição das cores ao transpor a imagem para a tela, tornaria "difícil não sentir uma dissociação doída", uma "cisão que falta ao John Wayne e a tantas outras obras feitas a partir do início dos anos 70". Aí "tudo conspira para uma edulcoração da imagem" (...) "o alto constraste amenizado pela presença de áreas cinza, os tons pastel a reforçar o bom gosto das combinações de cor, os detalhes que humanizam a representação e, sobretudo, uma insinuante linha azul que nos indica por onde conduzir a percepção para bem unificar o conjunto"

Não vi a exposição da Estação Pinacoteca, mas já vi obras de Warhol em outras exposições. Olhando as fotos acima, conseguidas numa busca no Google, minha tendência é concordar com Naves - as Marilyn são mais fortes, mais "trágicas" (ou esse trágico viria do que conheço da vida desta atriz?). De qualquer forma, repensar a obra de um artista, escapando dos esquemas de interpretação fixados, fazer "uma avaliação mais ponderada das saídas unívocas" que a convivência com uma obra "ajudou a configurar" é sempre útil e desejável. O difícil para mim é "imaginar Duchamp triste"... como o autor propõe no parágrafo final do seu texto... mas seria impossível?

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