quarta-feira, 16 de julho de 2008

MARCEL DUCHAMP NOS 60 ANOS DO MUSEU DE ARTE MODERNA DE SÃO PAULO

Marcel Duchamp - Roda de Bicicleta - 1913

Para comemorar os 60 anos do MAM - SP foi aberta, hoje, 16 de julho, uma exposição de obras de Marcel Duchamp, a primeira que se realiza no Brasil.
Segundo o noticiário, Duchamp deveria ter sido o curador da mostra de abertura do MAM. As obras selecionadas por ele, entre elas trabalhos de Rothko, Miró, Mondrian, estavam já embaladas e prontas para o embarque, mas o encarregado de entregar o dinheiro da viagem sumiu com os dois mil dólares que deveria entregar a Duchamp...
Agora a mostra é de obras de Duchamp, o artista. Um dos nomes fundamentais para entender a arte contemporânea chega finalmente ao MAM.
Transcrevemos abaixo a resposta da curadora da mostra que esclarece o que esperar desta exposição.
Certamente vale a pena conferir.


Da entrevista de Elena Filipovic, americana e curadora da exposição, à página da UOL

UOL: Quantas obras terá a exposição?
Elena Filipovic: Cerca de 150, mas eu sempre fico um pouco hesitante em dizer um número de obras, porque acho que as pessoas comparam com exposições que elas conhecem: elas pensam em 150 quadros, e não é o caso. Nesta exposição, há alguns trabalhos grandes e mais espetaculares, digamos assim, como a réplica do "Grand Verre" ("Grande Vidro"), que vem da coleção do Moderna Museet, de Estocolmo; mas também alguns trabalhos pequenos, emprestados pelo Museu da Filadélfia ou pela família de Duchamp, que são fundamentais no pensamento do artista. O título da exposição ("Uma obra que não é uma obra 'de arte'") vem de uma citação de algo que o próprio Duchamp escreveu em 1913. Essa questão de o que é uma obra de arte, de onde fica a linha divisória, está muito presente na exposição.
Teremos réplicas de vários ready-mades. Na verdade, qualquer ready-made que se vê num museu hoje é uma réplica, pois os ready-mades originais não existem mais, foram todos perdidos ou destruídos. Teremos reconstruções e documentação de obras efêmeras, que também não existem mais. Por exemplo, Duchamp estava diretamente envolvido na montagem de suas exposições. Isso não dura, pois exposições são efêmeras, mas a exposição terá documentação sobre elas. Haverá também projetos e designs feitos para livros, coisas pequenas, que, para o visitante desatento, pode passar despercebido nessa contagem de obras da exposição. Nós temos uma quantidade substancial de peças originais, mas eu, como curadora, quis brincar com essa questão que está no centro do trabalho de Duchamp, essa sua fascinação pela reprodução, pela réplica e com o questionamento do status da obra de arte.Eu diria, então, que é uma exposição pequena e grande ao mesmo tempo, pois ela tem essa complexidade.

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